Olimpio Alvares conversou com técnicos da Superintendência de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Grande Florianópolis (Suderf), representantes de empresas de ônibus da região e do Observatório da Mobilidade da UFSC nesta quinta-feira (14)
ALEXANDRE PELEGI
Olimpio Alvares, engenheiro e especialista em transporte sustentável, emissões veiculares e poluição do ar esteve nesta quinta-feira (14) em Florianópolis, onde debateu com técnicos da Superintendência de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Grande Florianópolis (Suderf), representantes de empresas de ônibus da região e do Observatório da Mobilidade da UFSC.
Olimpio participou do debate na condição de coordenador da Comissão de Transportes e Energias Renováveis de São Paulo (CT-CCMSP), e falou sobre a redução progressiva do uso de combustíveis fósseis nos veículos de transporte coletivo.
Falando sobre a recente experiência vivida pela (CT-CCMSP) na capital paulista, e da atuação do grupo na elaboração de diretrizes para a revisão do artigo 50 da Lei Municipal 14.933/2009, que instituiu a Lei de Mudanças do Clima na cidade,
Em Florianópolis Olimpio explicou o acalorado e intenso debate que se estabeleceu em São Paulo em torno da alteração da Lei, particularmente o artigo 50, que estabeleceu que, até 2018, a adoção de combustível renovável não-fóssil por todos os 15 mil ônibus do sistema de transporte público do município
Entre as sugestões propostas pela CT-CCMSP estão medidas que transpõem a redução das emissões de CO2 fóssil, como a que estabelece metas de redução de poluentes locais tóxicos críticos para a saúde pública – material particulado inalável fino cancerígeno (MP) e os óxidos de nitrogênio (NOx) do diesel.
Outra recomendação feita pela Comissão coordenada por Olimpio está na forma gradual como deverá acontecer o processo de substituição dos veículos convencionais por veículos e tecnologias mais limpas, feita a partir de metas definidas. Enquanto isso, sugeriu-se a adoção da tecnologia de filtros de material particulado (retrofit) em veículos a diesel existentes.
A CT-CCMSP indicou também estender as exigências do artigo 50 da Lei Municipal das Mudanças Climática para as frotas de caminhões de coleta de lixo, cerca de 2 mil veículos em São Paulo.
Ao final do encontro o diretor técnico da Suderf, Celio Sztoltz, concluiu afirmando que o assunto do uso de veículos com energia renovável para o transporte coletivo “será levado para discussão com os municípios da Grande Florianópolis”.
Ao mesmo tempo, agora à noite, a Câmara Municipal de SP finalmente aprovou, em segunda votação, o substitutivo do PL 300, que altera a Lei de Mudanças Climáticas, e estipula um cronograma de redução de poluentes pelos ônibus da capital paulista. Debate para o qual a Comissão de Transportes e Energias Renováveis de SP contribuiu decisivamente.
Veja:
ÔNIBUS ELÉTRICO A ENERGIA SOLAR:
Florianópolis já tem uma experiência inovadora no segmento de energias limpas. Trata-se de um ônibus elétrico que circula entre a UFSC e o Sapiens Parque, alimentado por energia solar, que já noticiamos algumas vezes.
No dia 21 de dezembro de 2016 o Diário de Transportes noticiava: “Ônibus elétrico com energia solar já está em operação em Santa Catarina”:
Começava a circular no dia 20 de dezembro 2016, ainda em caráter experimental, o primeiro ônibus 100% elétrico com tecnologia brasileira, com baterias alimentadas por energia solar fotovoltaica gerada nas coberturas do Centro de Pesquisa e Capacitação em Energia Solar da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
O veículo começou a operar experimentalmente em Santa Catarina no trajeto de 25,3 quilômetros entre dois campuses da UFSC, no Sapiens Parque, em Canasvieiras, no norte da ilha, e o Campus Central. O trajeto era composto por quatro viagens, que somavam cerca de 200 quilômetros por dia, com a recarga das baterias feita no laboratório da UFSC, no Sapiens Parque.
O projeto foi desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa Estratégica em Energia Solar da UFSC em parceria com a fabricante de São Bernardo do Campo, Eletra, responsável também pelo projeto de integração dos equipamentos. O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação -MCTI financiou a iniciativa, que custou cerca de R$ 1 milhão. O ônibus tem carroceria Marcopolo Torino Low Entry, os motores elétricos são da WEG e o chassi é um Mercedes-Benz O-500U Elétrico.
Em abril deste ano o ônibus superou a marca de 10 mil quilômetros. Relembre:
No dia 6 de novembro de 2017, com a contagem iniciada agora a partir de março de 2017, o veículo completou 40 mil quilômetros rodados, o equivalente a uma volta completa ao redor da Terra. E sem emitir poluentes.
O projeto evoluiu, assim como aumentou a rodagem do ônibus. O veículo faz parte de um projeto denominado “deslocamento produtivo com veículos elétricos alimentados por energia solar fotovoltaica”. E mais que um veículo de transporte, é um ambiente de trabalho, composto de poltronas confortáveis, só transportando passageiros sentados, com duas mesas de reunião em seu interior, com tomadas 220V e USB, além de wi-fi e ar-condicionado.
O veículo elétrico realiza agora cinco viagens por dia (52 quilômetros por viagem do Sapiens Parque à UFSC e retorno, cerca de 5.000 km/mês), prestando serviços gratuitos para a comunidade da UFSC, totalmente alimentado pela eletricidade solar gerada nas coberturas do Centro de Pesquisa e Capacitação em Energia Solar da UFSC, no Sapiens Parque, no Norte da ilha de Florianópolis.
Assista ao vídeo do projeto:
Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes